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micaias

Honra aos Soldados Portugueses

Avatar do autor Jota.Coelho, 23.01.22

Louvados e reconhecidos pelo mundo…

Desprezados e ostracizados no seu país, Portugal.

Assim tem sido o fadário dos militares portugueses, ao longo dos últimos 50 anos. Tal como este general Americano, muitos outros testemunharam de perto as qualidades dos soldados portugueses.

BRUTAL, MAS FACTUAL, UM HINO DE LOUVOR AOS SOLDADOS RASOS PORTUGUESES. O General dos EUA, William C. Westmoreland, que em discurso ao Congresso disse:  

"Querem vencer o Vietname, senhores? Dêem-me 8.000 soldados desta gente, e ainda este ano o comunismo cai nas terras da Indochina.”

“Eu vi corpos de tropas mais numerosos, batalhas mais disputadas, mas nunca vi, em nenhuma parte, homens mais valentes, nem soldados mais brilhantes que os do exército português, em cujas fileiras vi desprezar o perigo e combater dignamente pela causa sagrada dum Império condenado.

Quantas vezes fui tentado a patentear ao mundo os feitos assombrosos que vi realizar por essa viril e destemida gente portuguesa, que sustenta, há mais de dez anos em três frentes de guerra, contra uma poderosa força oculta, a mais encarniçada e gloriosa luta.

Aqueles homens que desconheciam os efeitos de uma bomba H ou o simples apoio dos helicópteros, provêm de terras desde as montanhas às planícies, cada um com seu conto pessoal e motivação para ali, a 10.000 km de casa, irem defender os ideais de uma nação há muito esquecida numa Europa dividida.

Tentado fiquei, pois, a dizer que nessa mesma Europa existiam três verdadeiros poderes, cada qual com a sua sombra no Mundo: - A Europa Americana, a Europa Russa, e Portugal.

E é essa raia de gente a quem se pede tanto por tão pouco que, com meios tão escassos e de modos bem simples, carregando na alma a sombra do Império Português, não precisavam do sabor da Coca-Cola, da experiência da droga ou de cultura hippie para combater.

Simplesmente faziam-no, e não abandonavam as armas por uma causa errada, mas defendiam-na não só pela gente lá de casa, mas pela casa lá da gente.

De Portugal, o canteiro mais velho da Europa, vi frutos verdes ou maduros a lutarem lado a lado com igual coragem, como se o combate fosse o ganha-pão dessa gente.

Querem vencer o Vietname, senhores? Dêem-me 8.000 desta gente, e ainda este ano o comunismo cai nas terras da Indochina.” Publicação na revista TIME.

General William C. Westmoreland, em relatório ao Congresso dos EUA após a visita ao Quartel-General Português de Nampula, em Moçambique, 1971.

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Início da guerra em Angola

Avatar do autor Jota.Coelho, 18.01.22

LEMBRAR PARA NÃO ESQUECER

    Aos que vão resistindo ao desgaste da vida e às investidas dos fazedores de crises que nos atormentam e hipotecam o futuro dos nossos filhos e netos e desgastam a nossa dignidade, venho lembrar que há 50 anos, em terras de Angola, os Pára-quedistas voluntariosos e valentes, organizados em pequenos grupos de combate, souberam elevar bem alto o nome e o valor dos Boinas Verdes.

    Continua na memória dos sobreviventes que hoje conseguem contar a história dos graves acontecimentos e dos horrores praticados por sucessivas vagas de bandoleiros sanguinários que chacinaram, esventraram e mutilaram crianças, mulheres, velhos e novos, pretos e brancos no norte de Angola. Desde o Úcua ao Quitexe, passando por Nova Caipenda, Quibaxe, Nambuangongo, Cuimba, Madimba, Buela, Zalala, Damba, Quibocolo, Bungo, Mucaba e tantos outros lugares da região dos Dembos, onde os sinais do sangue derramado por inocentes indefesos atiçou o sentido patriótico e fortaleceu o espírito de sacrifício na luta contra as hordas assassinas. Com reduzidos recursos e muita vontade de vencer, os Pára-quedistas estiveram na linha da frente na defesa das populações mais atingidas pela selvajaria dos bandoleiros da UPA (União das Populações de Angola). Foi na missão de socorro aos defensores de Mucaba, entrincheirados dentro da igreja local; no Bungo, as capacidades de liderança do Alferes Pára-quedista Mota da Costa permitiram uma defesa eficaz; na Damba, onde um pequeno grupo de Boinas Verdes conseguiu suster os ataques; na povoação 31 de Janeiro, o Tenente Pára-quedista Veríssimo teve papel destacado na organização da defesa da população local, onde contou com a fidelidade e apoio do cabo de cipaios Sebastião, do chefe de posto Vailão e do soba Camassa.

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    Foi no decorrer destas difíceis intervenções dos Pára-quedistas que tombaram os primeiros Boinas Verdes: o soldado Pára-quedista Domingos, durante a caminhada para Mucaba; o Alferes Pára-quedista Mota da Costa e o civil Caras Lindas, quando procuravam manter a ligação entre os que reparavam a ponte do Bungo e o soldado Pára-quedista Eugénio Dias, o civil António e dois bailundos que se dirigiram a uma fábrica de café e serração próxima na procura de material para a ponte.

    Para suprir a falta do Alferes Mota da Costa, o sargento Pára-quedista Joaquim Santiago assumiu a responsabilidade de coordenação das acções necessárias para evacuar os mortos e os feridos até à base do Negage. Helicópteros para evacuação não havia, apenas algumas viaturas civis e pequenos Unimogues eram os recursos disponíveis para percorrer picadas esburacadas e cortadas por árvores de grande porte.

    Com audácia e tenacidade na defesa das gentes dessas terras martirizadas pela sanha assassina dos bandoleiros os Pára-quedistas demonstraram todo o seu saber e espírito de sacrifício no cumprimento do dever “honrando a Pátria de tal gente”. Os elogios e provas de gratidão vieram de todos os lados, os jornalistas tentavam colher mais informações dos acontecimentos. Depois das primeiras missões de reconquista e ocupação das localidades vandalizadas, os Caçadores Especiais e outras tropas que foram chegando a Luanda começaram a ocupação definitiva da região atribulada. As Tropas Pára-quedistas, já reforçadas com mais efectivos, entraram em acção nas grandes operações levadas a cabo nos saltos em Quipedro, na serra da Canda e em Sacandica (localidade fronteiriça com o ex-Congo Belga, no extremo norte de Angola), com intervenção a nível de companhia. Com o Batalhão e a Força Aérea bem organizados, em colaboração com as tropas de quadrícula instaladas nas zonas afectadas pela guerrilha, as missões dos Pára-quedistas passaram a ser rotineiras e normais.

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    Para situar no tempo o sentimento dos que viveram os primeiros embates, não posso deixar de transcrever alguns recortes dos jornais de Luanda, onde são relatados episódios com intervenção de Pára-quedistas:

 - Da entrevista do Soldado Eugénio Dias, que foi ferido durante o ataque dos bandoleiros quando se encontrava na tal fábrica do café do Bungo, ao jornalista Moutinho Pereira do jornal “O Comércio”, publicada em 12 de Maio de 1961: “O ataque foi na segunda-feira, dia 8. Uma coluna de militares e civis, todos armados, seguiu até à ponte que os bandidos tinham cortado, para a reparar. Ao chegar à ponte o nosso comandante disse-me para ficar com os civis e protegê-los em caso de ataque, enquanto eles seguiam. Fiquei sozinho, pois sabia que os meus camaradas não podiam ir a pé… os carros não podiam atravessar a ponte… Ao sair da fábrica do café, já distanciados, ouvimos um tiro entre o capim. Claro que ficámos atentos e vigilantes. Mas aquela arma que disparou, por certo devido a algum acidente, dera o alarme. Logo se seguiu um tiroteio intenso. Encontrámos centenas de bandoleiros meio encobertos pelo capim. Os dois bailundos ainda não tinham feito a tropa e estavam desarmados, conseguiram fugir e refugiar-se na fábrica… Dei por mim a disparar a minha metralhadora ligeira para o meio do capim. A meu lado, o civil, ajudava-me como podia… Já ferido nas pernas, tentámos tomar outra posição…  À nossa roda tínhamos uma multidão ulutante, disposta a tudo para nos cortar a cabeça. Gritavam como demónios… Saltámos para o meio do capim alto, costas com costas, esperando o pior… por ali fiquei até perder as forças. Então, os meus camaradas conseguiram passar. Logo que se desenvencilharam daquela corja vieram à nossa procura…. Encontraram-nos feridos mas ainda conscientes no meio do capim, apertando de encontro ao peito, as nossas armas.”

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- O jornalista Sotto Mayor do “Diário de Luanda” na edição de 17 de Maio de 1961 publicou alguns depoimentos sobre a situação no posto de 31 de Janeiro.

    O repórter acompanhou uma das missões aéreas das avionetas do Aero Clube de Sanza Pombo e o chefe de posto e piloto Barros: “Aterrámos, cerca das 13 horas, no pequeno campo de aviação, onde se fizeram descargas de mantimentos e fomos convidados do chefe de posto Vailão e pelo tenente pára-quedista Veríssimo, dois valentes, à volta dos quais, pela sua actuação têm sido publicadas as mais largas reportagens. A defesa da povoação está toda concentrada à volta do edifício do posto, onde a população se recolheu. Pelas portas e janelas notam os sinais das lutas que têm sido travadas, estando as varandas do prédio barricadas com sacos de areia e arame farpado. Durante a refeição, servida numa grande mesa onde tomaram lugar grande parte dos “páras” e comerciantes da região, tivemos ocasião de ouvir do próprio chefe de posto, uma curiosa narrativa pormenorizada dos acontecimentos registados. – “Nós, em dada altura, verificámos que não tínhamos condições de defesa. Evacuámos, portanto, imediatamente a povoação. Toda a população foi connosco. Seguimos para a Damba, sede de concelho. Foi no dia 16 de Abril de 1961. Após a nossa chegada, deu-se o primeiro ataque à localidade. Colaborámos na defesa da Damba, neste e em mais três assaltos. Mas o nosso interesse era regressar o mais depressa possível ao 31 de Janeiro. No dia 27 conseguimos uma secção de Pára-quedistas, comandada pelo Tenente Veríssimo, para o nosso posto… Tivemos que lutar com muitas dificuldades. Eram obstáculos de toda a ordem – cortes profundos na estrada, árvores caídas, pontes danificadas. Era um nunca mais acabar.” O tenente Veríssimo relembra alguns acontecimentos passados na viagem: “Encontrámos ligeiras resistências durante o percurso de cerca de 84 quilómetros. No desvio para a povoação de Mucaba, a 12 quilómetros do destino, recuperámos diversos rapazes, portugueses africanos, que estavam prisioneiros dos bandoleiros no local conhecido por “Missão”. Temos tido diversos ataques, os primeiros de dia, os restantes de madrugada. Agora apenas têm tentado… mas depressa são repelidos e com baixas.”

   Não havia tempo para pensar onde estava a razão; a necessidade de defender as populações indefesas e os postos isolados do norte de Angola era a prioridade, e a nossa fidelidade à Pátria impunha que cumpríssemos essas missões das quais saímos triunfantes, embora com grandes sacrifícios. Depois destas, muitas mais foram levadas a cabo com sucesso, as quais mereceram rasgados elogios e os mais altos louvores. Orgulhamo-nos dos nossos feitos e merecemos o reconhecimento da Nação. Apesar do ostracismo a que foram votados, os Combatentes portugueses, intervenientes nas guerras ultramarinas, são o que resta da gesta de valores que a Pátria contempla; dos cobardes não reza a história… muitos dos nossos governantes nunca souberam honrar a Pátria nem os juramentos e tentam desvirtuar os valores que “mais altos se levantam”.

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- NAMBUANGONGO

- Arranque da "Operação Viriato" no dia 10 de Julho de 1961

Os comandos militares em Luanda mandaram para esta operação os Batalhões de Caçadores 96 e 114, masi o Esquadrão de Cavalaria 149, com o objectivo de conquistarem Nambuangongo aos terroristas da UPA que lá tinham o seu Quartel-general.

 Mas, os estrategas militares começaram a ficar preocupados com a lenta progressão das unidades que enfrentavam inesperados obstáculos para chegar ao objectivo. O comando da Força Aérea tentou pôr em prática os seus planos de reocupação de Nambuangongo e convocou o comandante dos Pára-quedistas com vista a fazer um lançamento por via aérea. Quando os chefes do Estado-maior do Exército perceberam a manobra, deram o alerta para que mais ninguém interviesse nessa operação senão as unidades que já estavam no terreno.

Apesar de progredirem com tremendas dificuldades, era ponto de honra que esse feito – reconquistar Nambuangongo – estava entregue ao Exército. E, quando as notícias vindas da frente (da ponte do rio Lifune e do rio Onzo) onde os Batalhões de Caçadores 96 e 114 sofriam as mais severas baixas, a Força Aérea fez a última tentativa de tomar Nambuangongo, à revelia dos pareceres do Estado-maior do Exército, dando ordem de embarque a um grupo de Pára-quedistas pronto para realizar o assalto ao quartel-general da UPA. Esse episódio ficou gravado na cabeça dos intervenientes, porque a voz do Tenente-coronel Maçanita fez-se ouvir, via rádio, com ameaças de mandar atirar contra os pára-quedistas que passassem ao alcance das armas dos seus homens. Ora, perante tal reacção, os Pára-quedistas que tinham saltado para fazer a balizagem encontraram o local abandonado e foram mandados regressar a Luanda, anulando a operação. É um facto que muito boa gente quis limpar as responsabilidades e determinados incómodos para a história da guerra em Angola..

In: “ESTILHAÇOS”, temas da guerra el Livro publicado em 2019 e 2ª Edição em 2020

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101.A - - Depois do assalto... fogo nas palhotas!.