Estórias em tempo de Guerra
Jota.Coelho, 17.05.20
Prefácio
da Jornalista Sílvia Torres, filha de Combatente
“A guerra ainda não acabou”
Conheci Joaquim Coelho em 2016, em Vila Nova de Gaia. Concedeu-me uma entrevista sobre a sua participação na Guerra do Ultramar que vou integrar na minha tese de doutoramento, ainda em construção. Nesse dia, perguntei-lhe porque é que escrevia livros sobre o conflito ultramarino. Respondeu-me que não o fazia por “trauma”: “escrevo porque quero dar a conhecer o que se passou na guerra. Os meus traumas ficaram todos lá: quando eu regressava ao quartel, depois de uma missão no mato, passava todos os meus traumas para o papel. Escrever fazia-me bem, era uma forma de desabafar”. Hoje – disse-me – Joaquim Coelho sente-se na obrigação de trazer o passado para o presente, porque “a história está muito mal contada”: “uma guerra que envolveu diretamente mais de um milhão de homens e indiretamente mais de dois milhões de familiares, durante 13 anos, não pode passar ao lado da História de Portugal”. Durante a entrevista, Joaquim Coelho destacou ainda que considerava “injusto” que Portugal ignorasse “o grandioso esforço dos combatentes na guerra. Mas não cruzo os braços, porque a guerra ainda não acabou: só acabará quando morrer o último soldado”.
Joaquim Coelho continua, de facto, a lutar para que a guerra que conheceu chegue ao futuro. Combate agora com a arma da paz: a palavra. Em “Estilhaços…”, à semelhança do que fez noutros livros, apresenta histórias em “carne viva”, pensamentos de ontem e de hoje, memórias que o tempo não apaga. São relatos sem papas na língua, que nos fazem viajar a Angola e a Moçambique, ao teatro de operações. Joaquim Coelho dá a conhecer a “realidade” porque a conhece bem e porque dela não tem medo, afinal faz parte do seu percurso de vida. Por vezes, admite, “veste-a” de poema para a aligeirar, dando-lhe outra dimensão e atenuando o “desconforto”. Porque “a guerra nunca foi capaz de contar histórias”, o seu testemunho é um bem precioso.
Sílvia Torres (a)
(a) – Grande entusiasta no estudo da imprensa jornalística das guerras ultramarinas; tem Formação em Comunicação Social e abraça a difícil profissão de Jornalista; prepara doutoramento. |
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