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Guerra em Angola

Avatar do autor Jota.Coelho, 13.01.10


GUERRA em Angola

  Para repor a verdade sobre algumas opiniões, aqui deixo parte de um rascunho sobre a Guerra de Angola - 1962 e a intervenção dos Caçadores Especiais e da Vanguarda de Voluntários:  

 

                  

 VER mais:  https://jotasousa39.wixsite.com/coelho

PEDRA VERDE - Reconquistas

 

A primeira incursão para tomada da “Pedra Verde” foi protagonizada por tropas do Exército, tendo como pontas de lança os Caçadores Especiais. Por ser um morro de difícil acesso, bombardeado severamente e reocupado pelo Exército. Quando os estrategas militares entenderam que deixou de ter interesse como ponto de quadrícula, logo os bandoleiros da UPA voltaram a tomar conta do local. Pois, as diversas minas e grutas servem para se protegeram das bombas da Força Aérea, e dali atacam as tropas portugueses que se deslocam nas picadas próximas. Passar pela estrada Piri é um perigo constante para os camionistas e para a tropa.
Em 1962, tropas do Exército, em colaboração com os pára-quedistas e aviões PV2, voltaram a desalojar os bandidos.
Por ser um ponto que domina as estradas do Úcua para o Piri, Pango Aluquem, Bula e Quibaxe, as tropas portuguesas tentam manter o controlo do morro.
Após a última operação de ataque à Pedra Verde, quando toda a tropa seguia para os respectivos acampamentos, foi-nos determinado fazer o percurso a corta-mato, seguindo pelo lado do Dange até Quibaxe. Para os estrategas, que vêm o terreno de avião, a coisa parece simples de marcar os itinerários! Tivemos de procurar os trilhos menos “usados”, porque as surpresas não agradam e nos três dias anteriores os corpos sofreram um desgaste notável. A progressão no terreno não foi fácil, mas em compensação, encontrámos diversos esconderijos que destruímos. E aproveitámos uma fazenda abandonada para a pernoita atribulada.
Muito perto do vale do Dange, antes de seguirmos para Quibaxe, descobrimos grande quantidade de árvores com papaias/mamões, e boa água. Enquanto uns aproveitaram para encherem os cantis e repousar, outros trataram do “reabastecimento”, colhendo mamões (papaias). Aquilo é que foi aproveitar as benesses da mãe natureza!
Ninguém contou com a surpresa maior – os bandoleiros ficaram zangados por não terem sido convidados e zás: lançam um ataque com armas finas (automáticas), apanhando dois ou três desprevenidos a colher os frutos. Entre eles, estava o Parreira a colher papaias que lançava para os companheiros que os juntavam para a equipa. Um tiro certeiro abanou-lhe o capacete!... quando o projéctil entrou por detrás da aba, circulou entre o couro cabeludo e o ferro do capacete e, ao sair pela frente, causou um ferimento ligeiro por cima do sobrolho. O sangue escorria pela face e orelha esquerda, quando o Parreira se deu conta do ocorrido e, perante os olhares dos dois soldados que esperavam receber mais frutos daquela colheita, o Parreira esmoreceu... Ficou mais combalido com a queda abaixo do mamoeiro do que com o tiro! Meio atordoado, levantou-se e desmaiou de seguida, por se ter dado conta do sangue a escorrer-lhe sobre os olhos.
Mas aquele ligeiro esmorecimento logo foi compensado com um abraço do comandante da sua secção, que o animou ao colocar um penso em cima da zona ferida, estancando-a. Foi limpando os sinais do sangue derramado, enquanto o pessoal presente preparava os equipamentos para a deslocação até ao aquartelamento de Quibaxe. Não tardou a aparecer a DO27 para transportar o Parreira ao hospital de Luanda. Logo alguém disse: «Querias mamões (papaias)... mas também levas chumbo!
Bem dizem os “Voluntários” que:
«A caminho de QUITEXE - Quem tem sorte foge à morte.»
Naquela região, a simples função de encher água nos cantis obriga a manter vigilância apertada, porque os bandoleiros aparecem de qualquer lado. Eles são tantos que um simples descuido pode ser fatal.
Tal como nos primeiros meses da guerra, esta região dos Dembos tem sido complicada para muitas das colunas que fazem o percurso da estrada do Úcua para Quibaxe e mais para Norte: Negage, Carmona, Quitexe e outras localidades do café.
Os Voluntários da “Vanguarda Salazar” já têm uma dramática experiência das horas de repouso, e das surpresas que assustam nas imediações da estrada do Piri. Na estrada de Quitexe, foram surpreendidos por um grupo de mais de duzentos bandoleiros que, em menos de dez minutos, ceifaram a vida a sete voluntários. Embora a reacção pronta dizimasse parte dos atacantes, a marca da morte ficou bem vincada nos olhos dos voluntários. 

 

Joaquim Coelho

in "O Despertar dos Combatentes" 

- pedidos a:  jotasousa39@gmail.com

- Vale do rio Mbridge - esconderijos inimigos....j